O que há de vital entre o manual y o virtual?
- mínimo diário
- 16 de jul. de 2020
- 4 min de leitura
Atualizado: 6 de mai. de 2021
Um tempo no sem saber
Para onde ir quando um mundo se coloca em fim? Estamos em mudança de rota, não estamos? Como pessoas, como relações, como governo? Estamos mudando. O que fazer como um coletivo de manualidades, afetos y encontros num momento em que é preciso distância? Não sabemos. Alguém sabe?



“Suspender o céu é ampliar o nosso horizonte; não o horizonte prospectivo, mas um existencial. É enriquecer as nossas subjetividades, que é a matéria que este tempo que nós vivemos quer consumir.” Ailton Krenak, em Ideias para adiar o fim do mundo
Talvez mudanças tenha a ver com isso, ficar um tempo no sem saber. Estamos assim? Eu, nós, você, vocês, nós? Estamos assim? É um tempo de experimentar. Agora como experimentar se a morte espreita? Não podemos nos fechar y não olhar ao lado. Ou podemos? A gente acha que não.
Experimentar com respeito y inteligência, talvez precisamos disso. Y agora pequenas ações, pausas y muitos passos para trás. Quem sabe algo a se relembrar?
Restos ao redor
Vê ao redor as sobras de um fazer: papéis amassados, fiapos de fios, retalhos de tecidos… na sua vontade cria mundos e não faz dos vestígios de usos mais descuido de mundo. criatura e criadora, viva, a cuidar e ser cuidada.

Costuramos tempo em tecidos esquecidos, lemos Krenak y de encontro a encontro inventamos um meio de ficarmos vivas. y assim seguimos, el aguante 🏹
“Nosso tempo é especialista em criar ausências: do sentido de viver em sociedade, do próprio sentido da experiência da vida. Isso gera uma intolerância muito grande com relação a quem ainda é capaz de experimentar o prazer de estar vivo, de dançar, de cantar. E está cheio de pequenas constelações de gente espalhada pelo mundo que dança, canta, faz chover. O tipo de humanidade zumbi que estamos sendo convocados a integrar não tolera tanto prazer, tanta fruição de vida. Então, pregam o fim do mundo como uma possibilidade de fazer a gente desistir dos nossos próprios sonhos.” Ailton Krenak, em Ideias para adiar o fim do mundo.
::: papel de pessoa no mundo :::
::: fios de histórias ou linhas de pensamentos :::
::: vital & virtual :::
Encaixote


o que há de vital entre o manual e o virtual? estamos num momento em caixas. livros guardados, pessoas em casas.
»» quais pessoas? quais livros?
este momento de caixas. ficamos a pensar, quem pode se guardar? quais histórias podem ser ditas? neste momento, as histórias se encaixam? quem ouvimos? quem dissemos?
¿plantas ainda devem virar papel? estamos nestes dias a buscar: outras línguas, outros gestos, outros mínimos diários
Isto não é um livro
costurando contos narrados foi nossa primeira criação, foi quem nos criou. um livro artesanal que uniu três pessoas a lidarem com papéis, histórias, dobraduras, escritas, costuras, oficinas y…
estamos coletivamente vivendo uma reticência. como será o mundo agora? um grande ‘ y agora? ‘ nos salta aos corpos. há espaço para os encontros? há como fazer os gestos a distâncias?
não somos um coletivo de ensinagem, nem de encadernação. somos um conjunto de gente a buscar criar, recriar, relembrar histórias y gestos. não queremos formar corpos técnicos, queremos acreditar na potência dos afetos y na construção de outros olhares.

não é um livro, é um mar de encontro
o que há de vital entre o manual y o virtual? nos perguntamos, pois estamos a arriscar y a querer mostrar esses arriscamentos para vocês y construir passo a passo juntos – de telas em telas -outras histórias!
há espaço para os livros?


tipo, não o livro como história contada, mas o livro como objeto de papel. há ainda espaço para eles? as casas cada dia menores. os papéis a sujarem as ruas. descartes poluindo seus excessos. os papéis feitos do extrativismo da madeira, do extrativismo da terra. há espaço para dobrar papel feito sujando a terra?
não temos ideia de resposta.
será viável retomar a produção dos papéis artesanais? mesmo assim conseguimos pagar o valor certo por esse trabalho sofisticado? seria possível produzir papéis y livros de outro modo? há de se querer imaginar, não? há outros modos de pensar y produzir os materiais y as nossas relações com a terra? precisamos sonhar, não? que haja espaço para os livros de papel, que eles não sejam apenas “pele de árvore morta” em vão, como chama Davi Kopenawa Yanomami o papel
o que há de vital entre o manual y o virtual? insistir numa perguntar.
Queremos conexões! Y tudo que nóiz tem é nóiz, canta Emicida.
Airu.Oluá.Ana Y



∆Ω★ risco.risco.risco ‽¿„ ••• há-risco na rua: ••• riscar, o chão? →→↑↑↓↓←←



Esta escrita foi composta pela colagem das postagens feitas entre 22 y 30 de abril de 2020 em nosso instagram.
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