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Novamente, Invente um meio. Ou, das despedidas.

"A memória guardará o que valer a pena. A memória sabe de mim mais que eu; e ela não perde o que merece ser salvo." Eduardo Galeano, em Dias e noites de amor e de guerra.

Foi em junho de 2014 que o mínimo diário surgiu como uma ideia, ou melhor, como uma vontade de criar algo com as próprias mãos. A questão era: qual é o mínimo diário que precisamos fazer a cada dia? Essa vontade foi um impulso para aprender a costurar, dobrar papel, assistir a inúmeros vídeos de encadernação e procurar materiais e ferramentas para criar livros.

 

Fios que nos unem

Nossos primeiros livros surgiram do encontro entre Paulo e Vinicius. Enquanto Paulo desenhava as capas com suas artes originais, eu me dediquei à parte da encadernação. Aprendi a utilizar papéis de embalagem e qualquer material disponível para produzir cadernos com costura copta. Esses foram os primeiros livros do coletivo, uma série de cadernos numerados feitos por encomenda.

E como mencionei anteriormente, é importante relembrar: a primeira encomenda foi feita pela Ana. Ela solicitou um caderno, o Número 1. Eu o produzi com revestimento em papel kraft, enquanto o Paulo criou a ilustração que posteriormente se tornou o primeiro logotipo do mínimo diário. Foi nesse contexto de conexões que nós três nos aproximamos e criamos nosso primeiro projeto coletivo: Costurando Contos Narrados. Com o apoio do Programa VAI, publicamos o livro e realizamos as primeiras oficinas de encadernação artesanal. Foi através desse projeto que encontramos na encadernação e nas histórias o fio condutor que sustentou o coletivo ao longo de oito anos.

No entanto, chegamos a uma decisão de seguir caminhos individuais neste momento. Percebemos que os rumos do coletivo já não atendem aos nossos desejos, sejam eles profissionais, artísticos ou financeiros. Após um período de pausa, foi necessário aceitar as mudanças e começar a reconstruir a casa.

 

Um verbo: encontrar

Durante nossa caminhada, o coletivo mínimo diário foi um lugar em que pudemos nos experimentar como artistas e educadores.Tudo aconteceu por meio de trocas, encontros e de uma vontade de ouvir e contar histórias. Reconheço que nem sempre nossos passos foram certeiros, os caminhos foram com momentos de subidas e descidas, encontros e desencontros.

Ana sempre trouxe consigo a vontade de se conectar, trocar experiências, se atentar ao outro nas oficinas e no convívio. Paulo, por sua vez, sempre foi ágil com seu traço, capaz de criar imagens e fantasias com seus desenhos, além de possuir seu olhar único para a beleza. Quanto a mim, sempre enxerguei o mínimo diário como um lugar de criação de mundos, onde os livros se tornam possibilidades de criar, recriar e destruir histórias. Tenho a vontade de reconstruir a nós mesmos por meio da arte e do encontro. Foi assim que um fazer formiga se deu, com muita gente contando e recontando histórias, aprendendo a costurar e rememorando suas lembranças perdidas.

A memória nos garante muitos encontros. Prints de caretas durante as reuniões virtuais, conversas no gramado do centro cultural de São Paulo e cafés com bolos e salgados de rua. Andanças com sacolas repletas de materiais percorrendo a cidade para dar oficinas em bibliotecas e centro culturais. Muitos dias dedicados à produção dos kits de ferramentas e saídas para comprar o que fosse necessário. Na mesa forrada com tecido de chita, papéis amassados, papelões pintados em guache e papeizinhos rasgados sendo colados para criar novos livros.

 

Seguir o seu curso

No final do ano passado, após uma pausa que demos o nome de “Tempo do meio”, nos reencontramos para refletir sobre os caminhos do coletivo. E foi quando percebemos que cada um estava a seguir o seu curso, Ana decidiu focar sua energia em seu trabalho com produção executiva em música no Cacimba Produções Artísticas, enquanto Paulo mergulhou em seu trabalho com pinturas e bordados no Inventanias.

Quanto a mim, retornei para os cadernos iniciais do mínimo diário, para as primeiras encadernações, para os materiais de reuso e para as primeiras oficinas para lidar com a pergunta que me martelava, é possível um coletivo se tornar um trabalho solo?

Não obtive ainda respostas, nem sei se verdadeiramente a procuro. O mínimo diário é um trabalho artístico, é uma vontade, ele não se reduz a uma resposta, mas sim se cria a cada movimento que conseguimos fazer, como o ponto final de uma história que sempre pode se transformar em uma vírgula para a próxima.

Então, me encontro agora num modo oficina, escrevendo novas ideias, redesenhando o logo do coletivo, repensando os cadernos e as oficinas. O que será que fica? O que será que deve ir? Um novo mínimo diário se esboça, e ele ainda não sabe quem pode ser, mas escolhe existir. Escolhe criar e ouvir histórias, como sempre fez.

 

Afirmar as histórias

Se mover neste momento é dizer um sim. Ana diz sim ao seu desejo. Paulo diz sim ao seu desejo. Vinicius diz sim ao seu desejo. mínimo diário diz sim ao seu desejo. Que cada um produza o mel para os dias e o compartilhe entre histórias.

Sou muito grato pelo encontro que este oito anos nos proporcionou. Muitas pessoas fortaleceram a nossa trajetória e espero que agora nesses novos fios, os tecidos que serão tecidos tragam sempre que necessário o laranja presente no mínimo diário. Pois se existe um aprendizado para a primeira pergunta: qual é o mínimo diário que precisamos fazer a cada dia? Uma possível resposta sempre caminhou conosco, Invente um meio!


vinicius

 

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